quarta-feira, 31 de agosto de 2011

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Bolsa Gucci Família


Dilmão, este é pra tu merrmão. Esqueça ministros corruptos,
danças de cadeiras, bolsa família. Quer combater a miséria,
erradicar a pobreza de uma vez? Facinho. Tem que falar com
os escritores de novela da Globo. Sim, estou um noveleiro e
não é o menor grau de separação entre os personagens que
me estarrece. Não é o pai e o filho namorarem a mesma mulher.
É a completa sobra de dim-dim dos personagens. Explico.
O dono de um restaurante tem uma casa nababesca, um carro
nababesco, uma mulher e não sei quantos empregados nababescos.
Com um restaurante? C'mon. A faz-tudo mora em uma bela
e grande casa simples em um belo bairro pertinho do mar. Ah, Dilma,
esqueça Avenidas Brasis, ônibus lotados, horas em pé em um calor
infernal em um trânsito não menos pior. E o irmão do tal restauranter
ter uma mega-loja de motos sem motos dentro. Ah, mas tem um 
globo da morte para intrépidos anões. É bom lembrar que ele não 
vai nunca, namora anoréxicas modelos russas e mora em um 
apartamento bem em frente ao apartamento da senhora taxista 
em um bairro também nobre. Sim, muito normal ver senhoras 
dirigindo táxis. E os donos de quiosques, as pessoas entrando 
umas nos escritórios das outras, os mega-carros, 
mega-apartamentos e etcetera etcetera. Não sei se
este é um texto memorável, mas taí uma bela plataforma política
anti-pobreza. Presidente, só trocar uma idéia com o Boninho.
      

From Dusk Till Dawn




    

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Village People


Sou carta fora do baralho. Não posso pensar em vida amorosa.
Preciso pensar em vida. Antes de mais nada, em minha vida.
Desde o advento do Bartolomeu em meu cérebro, faço de meus 
relacionamentos praticamente o que sempre fiz. Nada. Agora um
pouco mais, pela falta de autonomia, força, pela falta de saúde.
Nunca investi muito em relacionamentos. Um pouco mais vejo
que investi em amizades. Vários amigos. Várias amigas. E eis
que chegamos ao cerne deste texto. Como um guerreiro fora
do campo de batalhas sentimentais, mais com uma voz feminina,
o "Meu Diário" aqui concorda e sai a favor do sexo frágil.
Chega de bunda-molice. Chega de covardia. De medinhos.
De incertezas, inseguranças, joguinhos, viadice. Ser homem
não é uma promoção. É se posicionar, falar o que pensa, pensar
para falar, não só falar, mas agir. Agir de acordo com o que você
pensa, crenças, ideais, os velhos e bons princípios. Porra, só isso.
Me deixa puto ver agora o que tem que ser feito e não fazê-lo
porque a saúde não me permite. Ver mulheres bacanas se tornando
cada vez mais fortes e decididas e homens, bichinhas aborrecidas.
Pode dizer do homem que lhes diz isto o quê for. Pode dizer que
nunca levei nada a sério, que não quis nada com nada, canalha,
cafajeste, putanheiro , qualquer coisa pode ser dita. Menos que
não fui homem, menos que não falei o que achava, pensava e queria.
Mesmo não saber o que quer já é saber de algo desde que dito 
com honestidade e transparência. Vamos lá amigo, seja homem.
É difícil, mas sei que você consegue.
    

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O Homem é Bom?


"Nem um animal faria isto". Exato. Nem um animal jogaria
um avião contra um arranha-céu. Imagina dois aviões.
Nem um animal trucidaria crianças dentro de uma escola.
Nem um animal explodiria noventa noruegueses para afirmar
algo. Nem um animal mataria a ex-namorada e daria os restos
aos animais. Nem um animal travaria guerras que duram
anos por ideologia. Nem um animal mata outro animal
por dinheiro, amor ou puro ódio. Nem um animal. Justamente
por isso. Porquê um animal é irracional. Porquê um animal
só mata pela sobrevivência. Já um ser pensante tem os anseios
mais bizarros para apontar uma arma para alguém. Aliás,
refresque-me: Foi um homem ou um tamanduá que inventou
a bomba atômica, as armas de destruição em massa ou o soco
inglês? Tenho um pavor danado de cobras, mas sei que elas não
querem meu mal e não vão me fazer mal a não ser que pise nelas.
Em um ser pensante nem precisa pisar. Por uma dívida irrisória,
você pode virar um defunto. Então o que fazer? Desistir
do homem e viver com as feras nas savanas africanas? Eu ainda
acredito no ser humano. Ainda acho que a balança pende para
o lado bom. Ainda acho que para cada ser humano ruim,
tem alguns bons, menos barulhentos, menos carnavalescos,
procurando fazer só o bem. Ainda tenho fé. O homem é bom?
Nada que um bom chef e um pouco de ketchup não resolvam.
      

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Devaneio


Nasci. Chorei. Comi. Ri. Cresci. Andei. Corri. Nadei.
Mergulhei. Saltei, pulei. Pilotei, dancei, voei, flanei.
Dormi. Discuti. Aprontei, briguei, apanhei, bati.
Fui, voltei, amei, odiei, aprendi, desobedeci, ouvi,
calei, falei, gritei. Murmurei, salivei, sonhei, delirei,
senti. Vi. Beijei. Transei. Chupei, suguei, lambi.
Caguei. Apenas verbos no passado? Experiências.
Sabedoria. Sem mordomia. Não estou sentado
procurando rima. Estou sentado pensando na vida.
Estou no clima. E eis que adoeci e amadureci.
Homenageando o rei: O importante é que emoções
eu vivi. Vivi? Continuo por aí.
     

Tanks





terça-feira, 16 de agosto de 2011

Obrigado Itamar, o Franco


Scooter


Estou tendo que ser menos exigente. Sei que não estou em posição
de exigir nada. Ou talvez seja só uma questão de semântica.
Antes eu falava em cura. Agora, em melhora. Lógico, ainda quero
e espero a cura. Acordar um dia zerado e retomar minha vida.
Mas após quase ano e meio, começo a achar que só de estar
por aqui já é um milagre. O diagnóstico não era muito otimista.
O cara que vos fala, acostumado a ver sempre o copo meio vazio
teve de mudar seu comportamento e senão ver a metade cheia,
saber que ela existe. E aceitar ela. Estou andando com dificuldade,
sem equilíbrio. Ontem dei uma volta em uma scooter elétrica
e curti. Para quem andava em um Harley e corria maratonas,
ridículo. Para quem dar uma volta a pé no quarteirão é um
sacrifício, a metade do copo não poderia estar mais cheia. É isto.
Nova realidade. Infelizmente é assim. Lógico, sempre poderia
ser pior. Costumo dizer que tenho uma doença no cérebro
e o único membro não atingido é o tal, que continua pleno
e consciente de suas forças e afazeres. Eu poderia ter ficado
meio pancada também, vai saber. Diante deste prisma, o copo
está transbordando de cheio. E a scooter elétrica, me esperando.
     

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Bartô


Estou com o Bartolomeu na cabeça. Não, não é um devaneio
homossexual. Só não quero chamar o que tenho de tumor ou câncer.
Bartolomeu. Estou tratando de matar o Barta. Sem dor na conciência.
E em um momento revolto onde eu estava revoltado procurei algum
tipo de arrimo, de casos tão ou mais graves para me mostrar que eu
não era o único azarado, tão jovem e tão bom para ter um troço
destes. Encontrei uma moça na flor de seus vinte e seis anos com
um Bartolomeu nos ossos. Lembrei do Leandro, jovem cantor
de sucesso com seu irmão e que em três meses foi dizimado
por um Bartô voraz. Estes casos não me trouxeram paz,
tranquilidade de espírito, alívio. Me trouxeram tristeza.
Assim como não entendo as guerras, homicídios, latrocínios,
rompantes de raiva de extremistas, não entendo pessoas do bem
passando por uma enfermidade destas. Na verdade, do bem ou não,
tanto faz, doenças assim não tem razão. E eis que aparece mais
um caso. Foi dignosticado um Bart no Reynaldo Gianecchini. Jovem,
bem-sucedido e boa-pinta, exemplar perfeito do que eu procurava
para aplacar minha dor. Não aplacou. Me entristeceu ainda mais.
Não porquê eu ache o Gianecchini lindo (embora eu ache ele lindo),
mas porquê Bartolomeus não deveriam aparecer em ninguém.
Bartolomeus simplesmente não deveriam existir. Assim como guerras
e tudo mais. E se você se chama Bartolomeu, desculpa...
     

Milhagem



Meu blog não serve para nada. Absolutamente nada. Ainda bem.
O Rodrigo, um dos poucos amigos da era não muito saudosa nem
saudável da publicidade está na Itália. Alguns meses atrás ele esteve
no Cambodja, Nepal e Índia. Ele não lê meu blog. Que bom. Não
precisou de dicas. Gurus. Se auto-ajudou. Sem Carlos Castañeda
ou Ol'Jones, foi expandir a mente. Expandir as paredes do aquário,
as margens periféricas de seu umbigo. Uma viagem destas não
tem valor em um mundo corporativo. Porra-louquice, podem bradar
algun engravatados. Esta experiência única, qualquer experiência
única é, como já disse, única. Não para chefes, não para contar
vantagens, não para moeda-de-troca. Única e exclusivamente para
você, para o seu crescimento. Sim, uma viagem destas vai influenciar
no seu trato com seus superiores, com sua família, com outros seres
humanos. Eles não mudaram. Mudou você. Cresceu você.
E consequentemente, seus limites, sua paciência, suas virtudes.
O carro novo, as roupas de grife, a almejada promoção ficam
para depois. Se vierem, ótimo. E se não vierem, ótimo também.
Tá aí, gostei deste texto. E desenterrei o Castañeda, vai.
      

Wow


Wow



sábado, 6 de agosto de 2011

Buraco


Não sou fumante. Mas vamos lá. Você é. E desce do décimo
terceiro andar pra pitar um cigarro. Proibiram em local fechado,
lembra? Mas os que proibiram não colocaram mais lixeiras nas
ruas e você joga a guimba na calçada. Soma-se várias e várias
bitucas, uma tempestade, bueiros sujos e temos a crônica
de uma tragédia anunciada. A culpa da enchente é de quem
então? O buraco é mais embaixo. Nego compra uma Porche
primeiro porque pode, segundo porque deve gostar de velocidade.
E parece que à milhão em uma rua residencial, matou uma
menina. Mas parece que a menina passou no farol vermelho.
Quem pára em um farol na madrugada perigosa desta cidade
perigosa? Não sei de quem foi a culpa. Sei que o buraco é mais
embaixo. E a menina que atropelou, matou um cara no meio
da calçada na madruga de um bairro cheio de bares, capotou
seu tanque blindado e se recusou a fazer o teste do bafômetro?
E o ciclista dono de uma fábrica de chuveiros atropelado por
um ônibus ou o motorista que brincou de boliche com um grupo
de também ciclistas? Acertou em cheio. Strike! De quem
é a culpa? Do egoísmo que transforma cada indivíduo
desta cidade doentia em uma bomba-relógio pronta a explodir?
Da impunidade que faz um assassino covarde e confesso que
atirou à queima-roupa nas costas da namorada ficar solto?
Não sei. Sei que o buraco é mais embaixo mas está ampliando
em muito sua circunferência. Só sei que está ficando fácil.
Quer matar alguém? Não compre uma pistola ou um taco
de beisebol. Nem precisa pagar uma grana para um policial
corrupto. Pegue um carro e encha a cara. Daí, é só mirar.
      

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

V.I.P.


Eis que o reconhecimento veio. Agora sim. Você trabalhou
anos e anos. Se sujeitou. Fez lobby, coisas que não são louváveis,
suou, batalhou e ele veio. Demorou. Agora sim, pode se orgulhar.
Você faz parte de um seleto clube. Bacanudo. V.I.P. Yep, Very
Important Person. Só berço não adianta. Seu carro do ano,
roupas bem cortadas, etiquetas com nomes famosos, relógião,
Gumex no cabelo, papo furado de nada valem sem este
reconhecimento. Mas veio. Aê Bozó, agora você é grobal.
Tem vantagens, não pega fila, é invejado, admirado. Só quem
é deste reduzidíssimo reduto conhece a sensação. O lugar
lotado, as filas, as pessoas comuns cansadas, fatigadas pela
espera. Você chega e simplesmente ignora isto tudo.
Filas se abrem. Como Moisés, você escancara um caminho
por entre um mar de gente. E some, feliz, todo pirilampo.
Hoje entrei para este panteão. Frequentador assíduo,
filas não mais existem, Pessoas, atraso, demora? Esqueça.
Não sou mais um simples mortal. Sou um complicado mortal
e tenho regalias. Após mais de ano, quase toda semana,
sou reconhecido e alçado às graças. Agora chego no laboratório,
faço a coleta de sangue imediatamente independente do quão
cheio o lugar esteja, sou conhecido e tratado pelo nome.
Uau, consegui.