sexta-feira, 29 de julho de 2011

Change



Estou vendo um Dvd e a inspiração veio. Aproveito. É um Dvd
que esbanja talento. Play for Changing. Além de espetacular,
ainda ajuda os mais necessitados. Como se espetacular já não
bastasse. Músicos de rua de toda parte tirando um mesmo reggae.
Não é uma crítica musical. É talento, a notável inspiração humana
que nos diferencia. O poder de fazer um som destes, que
me arrepia. Um cego velhinho com uma possante voz em Nova
Orleans, um absurdo guitarrista no meio da África. Sinto orgulho
de pertencer a esta espécie especial. Me arrepia os pêlos da nuca.
O homem é capaz de cada coisa extraordinária. Mas daí vejo
notícias vindas de Oslo, onde um louco matou noventa e três
pessoas e sinto vergonha. Cadê o talento? Vejo ódio, raiva,
dor. Arrepia os pêlos da nuca. Um representante humano
como Vik Muniz nos presenteia com obras-de-arte feitas
por catadores de lixo reciclável e outro entra em uma escola
e mata sei lá quantos indefesos moleques. Cadê a inspiração,
a obra-de-arte, o toque de gênio? Triste, não?
     

domingo, 24 de julho de 2011

PopCorn


Estava vendo um filme. Tirando um curta-metragem experimental
feito com copinhos descartáveis em Botswana, o resto eu vi todos.
Mais que natural eu ver mais de uma vez, um pedaço, o filme todo.
As vezes precisa de alguns minutos para o click "Já vi". Pois bem,
estava vendo um filme. Sim, já tinha o visto. Com o Ashton Kutcher
e Amanda Peet, uma comédiazinha romântica. Vi novamente.
Eu e meu irmão, que também já tinha o visto. E algo me ocorreu.
Não me lembro do final de muitíssimos filmes. Me lembro
de situações. Não é o fim que justifica os meios. Não é o destino final
da viagem. É o meio que justifica os meios. É a viagem em si e não
o destino final. É a Sally fingindo um orgasmo no Kat's em Nova
York. Não lembro o fim de When Harry met Sally, mas fui na Deli
e ri. Lembro também do Harry cuspindo pela janela do carro
uns caroços de melancia. E a janela fechada. E tal memória já 
me traz outro de eu no meio dos Estados Unidos comendo 
um pedaço de torta destes que você só vê em filme, em um 
restaurantinho de beira de estrada que você também só vê 
em filme. Não lembro o nome de tal cidadezinha. 
Mas esta memória já me remete a outra de eu e Tati
e Mustang comendo em uma cidade de nome Jupiter, 
no meio da Florida. Não é o destino final, é a viagem. 
São algumas cenas do filme. Drama, comédia, thriller, terror, 
romance, suspense enfim, tanto faz o final. 
O que importa é ver, vivenciar muitos começos. E meios.
     

Aprendizado


Meu pai morreu muito cedo. Nos meus cinco anos ele se foi.
Nos cinqüenta dele. Muito cedo. Seus pais se foram. Seus irmãos
se foram. Sua mulher se foi. Sua irmã veio aqui hoje. Minha tia,
único bastião vivo da família de meu pai. Setenta e quatro anos.
E por mais floreada ou romanceada possa ser remota lembrança,
qualquer casquinha que ela me dê é saborosíssima. Não vou
relatar agora alguma destas memórias. De como meu pai sobreviveu
aos campos, à guerra. De como ele foi parar na antiga Palestina ou
de como perdeu um pedaço de dedo graças a uma granada na guerra
de independência de Israel, em 1948. De como sua família ficou
alguns bons anos sem uma notícia, sem saber se estava vivo ou não.
Nem do carinho que a irmã caçula do meu pai tem pelo filho caçula
do meu pai. Relatarei sobre o que minha tia aprendeu ao longo de sua
atribulada vida. Relatarei sobre a mesma coisa que aprendi ao longo
de minha atribulada vida. Ao final de delicioso almoço regado
à Frango ao Curry minha querida tia proferiu que depois de altos
e baixos que a vida nos apresenta, depois de uma montanha-russa
financeira, depois de uma roda gigantes de emoções, um turbilhão
de sensações, dá para ser feliz com menos. Menos dinheiro, menos
preocupações, atribulações. Ela descobriu isto aos setenta e quatro
e menos grana. Eu descobri isto aos quarenta e menos saúde.
Descobri que o que importa é descobrir.

  

quinta-feira, 21 de julho de 2011

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Father & Son


Licença para matar. Licença para dirigir. Carros, motos, scooters,
caminhões ou lanchas. Para matar com qualquer destes veículos.
Licença para beber. Para pescar. Licença para casar. Tudo o que
envolve alguma responsabilidade a mais, exige o aval de alguém.
Ter filhos não. Pois é, a maior responsabilidade de todas é a mais
relapsa. Sem licença nem nada. Só um orgão (dois, na verdade)
genital que pode ser até meia-boca funcionando, funciona.
E aí chegamos aonde estamos. No fim do mundo. Pessoas
completamente despreparadas, pais. O antigo inquilino da casa
onde nasci tinha uma escola infantil. Quando saiu, deixou
alguns cheques. Sem fundo. O que um dono caloteiro de escola
para crianças pode ensinar para uma criança? Ah, ele não era
professor. Só pai. O que mais de valor um homem pode passar
para seus filhos, além da prática de cheques sem valor?
Sem licença. Sem acompanhamento, sem testes, provas, nada.
"Vamo trepá" basta. Sei, isto não é regra. Mas você conhece
algum pai destes. Conheci um que sacaneava a filha
intermitentemente. Sujou seu límpido nome na praça.
Roubou, sacaneou, usurpou. Sem perdão, sem vergonha.
É por isto que defendo: Filhos? Licença.
      

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Life


"Penso o tempo todo em você. Em como você suporta tudo isto
com dignidade". Assim termina o último SMS de meu irmão
querido enviado das terras mágicas de Jerusalém. Assim começa
este texto. Com dignidade. Mas não vou procurar o significado
desta palavra no dicionário nem nada. Vou discordar gentilmente
de meu amado irmão. Não tenho nada de digno em suportar tudo
isto. Suporto tudo isto porque tenho que suportar. Não tenho cápsula
de cianureto incrustrada nos dentes, não tenho botão de on, off, não
dá para dar control + z nem fingir que não tenho nada. Tomo banho
todo dia porque senão logo logo cheiraria mal, faço a barba porque
não tenho pretensão de ser nem rabino, nem do ZZ Top. Me visto
para não ser preso, e daí sim, suporto o tratamento porque tenho
dignidade perante à vida. Nunca fui de abraçar árvores ou cantarolar
com pássaros, mas você só dá valor a algo quando perde ou está
na eminência de perder. E agora dou muitíssimo mais valor a algo
que tem muita gente que não se dá conta. Não respeita. A vida.
Você acha que é um favor? Cada vida é uma dádiva e só digo
esta viadice porque estou tendo a integridade, a dignidade de
admitir que necessito desta vida para viver. Capicci? 
      

sexta-feira, 15 de julho de 2011

HaiKai


Por que não o Champinha?
Os Nardoni? Cravinhos? Pimenta Neves?
Por que não o Palocci? O Dirceu?
Por que eu?
Por que não o silcrano, o beltrano, o fulano?
Alguém da torcida organizada?
Do Corinthians? São Paulo? Palmeiras?
E o Bandeiras?
Ah é, alguém de Hollywood, rico e famoso?
Ou algum morador de Trancoso?
Acho que poderia ser qualquer um.
O Ricardo, o Fábio, o Zé ou até o Romeu.
Opa, qualquer um? Então por que não eu?
     

quarta-feira, 13 de julho de 2011

De Novo?


Meu blog está com os dias contados. Meus textos estão
com os dias contados. Minha vida está com os dias contados.
Meus dias estão com os dias contados. Os seus dias estão
com os dias contados. Mas você não sabe. Quer dizer, sabe
que estão contados mas não sabe a conta. Eu sei. Meus textos
também. Meu blog idem. Mas nenhum de nós também tem
a mínima idéia da data. Então continuamos. Você, eu, meus
textos e tudo mais. Mas na minha vida pelo menos, tem dias
que são só isto. Contabilidade. Mais um dia vivido. Sobrevivido.
E meus textos que antes pululavam na minha mente, vem
rareando. Quanto mais vou escrever sobre valores, sobre ser
direito, sobre o quanto vale a pena viver? Minha luta? É isso
aí, como os Alcoólicos Anônimos, mais um dia. Mas nunca
pensei neste blog como "Meu Diário". Escrevo mais "Cartas
para a Posteridade" mesmo não sabendo quanto esta posteridade
perdurará. Imagino você também, entrando para ler meus textos
e saindo daqui com um gosto de café requentado na boca.
Ao mesmo tempo, não comecei a catar milhos para te agradar,
exercitar meu talento literário nem bancar o coitadinho.
Comecei porque senti uma necessidade avassaladora. De contar.
Não os dias, mas o pesadelo em que estou habitando.
Permanentemente? Temporariamente? Não sei a conta, esqueceu?
Só sei que não quero ser repetitivo nem tampouco quero leitores
comovidos. Percebo então que a luta não acabou. Que se for
repetitivo, será. Percebo que estas singelas escritas são não
"Cartas para a Posteridade" mas "Cartas para a Minha Posteridade".
Ainda que com os dias contados. Mais um café?
     

terça-feira, 12 de julho de 2011

Sweet


O que você preferiria ser, uma bala doce com sabor de infância
tutti-frutti ou um apetitoso e suculento azedo Grapefruit?
Pergunto porque você pode. É so escolher como lidar com o mundo.
Como tratar seu interlocutor. Falo isso porque nunca fui uma flor.
Cheiroso mas cheio de espinhos, no trato eu era bem ruinzinho.
Acreditava mas não tinha paciência para com a humanidade. Justo
eu que aprendi a lição bem cedo, também esqueci a lição bem cedo.
Aí vai, hein? Pronto? Fazer bem ou mal feito, o bem ou o mal,
o certo ou o errado, o bonito ou o feio demandam a mesma
quantidade de energia e tempo. Pode fazer as contas, é matemático.
Uau, de novo, simples. Mas se é tão simples, por que não usar este
teorema matemático como regra? Não sei. Não falei que seria fácil.
O ser humano pode ser tudo, menos simples ou fácil. E aprender
uma lição nunca é fácil. Eu já devo ter comido cada coisa em
restaurantes. Sim, tratar o garçom bem ou mal também faz parte
do teorema. Tratar o garçom bem ou bem. O garçom, o maitre,
você e a humanidade. É o mínimo. E o máximo.
      

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Captain America



No filme Capitão América - O Primeiro Vingador de Joe Johnston,
o personagem pilota uma motocicleta H-D modelo WLA 1942.
Cinco réplicas foram fabricadas pela Harley-Davidson para uso
da Marvel Studios nas filmagens.
     

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Auto-Ajuda II


Não é um jogador de basquete dando um trato no telhado de sua
casa. É o que falei antes. Novo Volkswagen Jetta 2012, preto,
teto-solar, bancos em couro, ar dual-logic, automático com 182 cv.
Engoli sapos a mais, ri de piadas sem graça, deixei de ver minha
família e meus amigos mas consegui. Com esta caranga a vida
é bem melhor. Desde que adquiri tal bólido, o céu está mais bonito.
Eu estou mais esguio, meu cabelo mais sedoso e meus dentes 
mais brancos. Estou mais confiante e até acho que mais inteligente.
E incrível, acho que os bancos elétricos me deram um abdomem
mais firme. O computador de bordo e o sistema de som
me mostraram que Bruno e Marrone e Enio Morricone não são
a mesma coisa. O manual de instuções com dvds instrutivos me
instigaram a ler mais e ir mais ao cinema. Sem dizer no prazer
de meus pais verem que seu filho venceu. E a cara de inveja
de meus pares? E a confiança de encarar de frente os percalços
da vida com estes faróis de xenon, ein, ein? Impressionante
como um auto ajuda sua auto-estima.
     

terça-feira, 5 de julho de 2011

Rolê



     

Auto-Ajuda


Siga meu raciocínio. De vez em quando tenho estes devaneios:
Raciocino. Auto-ajuda para mim é seu Honda trocar seu próprio
pneu. É seu Chevrolet trocar a lâmpada na sua cozinha. Para mim,
quem escreve auto-ajuda está realmente querendo se ajudar,
vendendo uma quantidade considerável de suas escritas.
Auto-ajudando assim sua própria conta corrente. Você precisar
de um livro para respirar mais aliviado, não sei. Por quê isso
agora? Porque pessoas ligadas ao mundo das letrinhas elogiam
minha maneira de juntá-las. Falam em pensar maior que um blog,
um livro? Minha escrita seria caracterizada como Auto-Ajuda?
Estou te ajudando? Estou me ajudando? Acho que não.
Para ambas. Estou desopilando, dividindo, compartilhando.
Nunca pretendi ser writer. Menos ainda ghost. Sou só um cara
com uma doença punk. Posso dizer que a doença já me quis ghost.
O resto, sou eu tentando não ser. E será que você precisa de ajuda?
E se você não levar tudo tão a sério, tentar ser mais feliz, mais
tranquilo, mais sereno? Ah, isto é Auto-ajuda? Hmm. Não sei se
estou mais sereno. Nem sei se meu Toyota se auto-revisou.
     

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Pátio do Colégio 2011





Belíssimas imagens do encontro do pátio do colégio, 
ontem, capturadas pelo amigo Carlão: 

https://picasaweb.google.com/patriciophoto/EncontroPateo2011Orig?authkey=Gv1sRgCJX0wN7g462RSw&feat=email
     

sábado, 2 de julho de 2011

Hello?


Foto tirada hoje.
Meu outro irmão não comprou um carro. Foi de avião mesmo.
Para Jerusalém, para o Muro pedir para D'us minha melhora.
Como não melhorar assim? A torcida é grande!
Amo vocês, meus irmãos!
  

sexta-feira, 1 de julho de 2011

New Toy

Admito. Onanismo puro. E com o falo dos outros. Quer dizer,
o falo do meu irmão é nosso. Ainda mais agora, debilitado, não
tenho dúvida que ele me emprestaria o dele. O cara mora no Canadá
faz tempo e agora realizou um sonho. E como a matéria-prima
deste blog são sonhos, anseio de realizá-los, desejos e vontades,
divulgo. Ele adquiriu um novo brinquedo. E como seu bigolim,
o brinquedo é da família. É assim, goste ou não, o meu é nosso.
Quando eu bem entender, posso cruzar o mundo e dar uma voltinha.
No nosso novo Citröen DS 1971. Não é o muscle-car que eu teria,
mas se meu irmão está flanando com este veículo que sim, lembra
uma nave espacial, eu também estou. E sem dúvida, o carrinho
tem lá seu estilo. Inho, meu irmão querido, se tem algo que aprendi
é que mais vale um gosto que dinheiro no bolso. 
Nosso brinquedinho novo é lindo.