quinta-feira, 30 de junho de 2011

Spy


Em vários momentos quis ser um deles. Agente secreto duplo,
correndo perigo eminente em seu Trabant feio e poluidor
em plena Alemanha Oriental Comunista. Não pelo perigo, mas
trago incrustrado na memória que tais agentes levavam incrustrados
em alguma cavidade bucal, uma letal dose de cianureto.
O interrogatório está violento demais? O amendoim duro demais?
Acidentamente ou não, você morde a tal cápsula, e... Em vários
momentos quis esta solução fácil, mas a única coisa incrustrada
em meus dentes era algum tártaro nem um pouco letal. O tártaro
foi letalmente aniquilado com uma visita ontem ao dentista.
Isto tudo só para dizer que ninguém é de ferro, vários e vários
momentos eu quis-me ir. Até pedi mesmo. Compraria um terrível
carrinho Trabant se grátis viesse a tal cápsula. mas tais períodos
soturno são passado, espero eu. Sem pensar na ladainha "você
faz seus planos..." ainda estou aí. Aparentemente algum tumor
também. O tártaro, garanto-lhe, foi-se. E com o excessivo tempo
de sobra, penso. Vamos botar um bom tempo nesta conta: Em
três anos estarei bom? Em cinco anos estarei bom? Em dez anos
estarei bom? Sim? Em dez anos, terei cinquenta. Bem jovem.
Não sei o que vai acontecer. Ninguém sabe. Yatta, yatta, yatta.
Vou ter seqüelas? Vou ficar como hoje? Vou recuperar autonomia?
equilíbrio? Vou andar por aí? Passear, correr? subir em uma moto?
Minha resposta hoje em dia é um pouco mais resignada. Não sei
se vou andar normal ou sempre depender de uma cadeira de rodas.
Se tiver que depender, paciência. Se não subir mais em uma moto,
paciência. Se for gordo, paciência. A referência mudou. 
A Porshe 911 virou um Trabant.

                             

O Sábio Carteiro


http://www.olddogcycles.com/
    

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Obrigação Mínima


Semântica. A língua portuguesa é riquíssima, mas se você deixa
seu ponto claro, finito. Não há margem para dúvidas. O que pode
acontecer é que nem você saiba seu ponto claro. Aí, temos um
pobrema. Se você não tem uma posição, uma opinião clara à respeito
do que seja, pobremão. Trocar problema por "pobrema" nem é mais.
Um pobrema. Se tem uma coisa que tenho além de pobremas
e problemas é o meu ponto-de-vista. Sempre defendi isto. Talvez
visto como um ato corajoso hoje em dia ou desconfortável demais,
mantenha o seu. Mesmo que seja bizarro demais, é seu. É o que 
nos diferencia. Finda esta explanação, começo a deixar claro meu
ponto-de-vista. O dicionário diz que "mínimo" é o que diz-se da mais
pequena porção de qualquer coisa, da menos notável, da mais
insignificante. O grau ínfimo a que uma grandeza pode ser reduzida.
Taí, gostei. O salário mínimo pode ser insignificante, mas e suas
obrigações? Tem mínimo? Jogar lixo no lixo é o mínimo. E se você
andou duas quadras sem achar uma lixeira e jogou a porra da bituca
no chão? A grandeza foi reduzida? Dar preferência ao pedestre?
Afanar? Mentir? Roubar? Matar? Não tem mínimo, ninguém
é obrigado a nada. Entregar o carro diante de uma arma não é 
obrigação. Nem o mínimo. Bem provável você tomar um pipoco 
na orelha, mas você não foi obrigado a nada. Um pai é obrigado 
a ajudar um filho sempre? O mínimo que sua família pode fazer 
é te apoiar incondicionalmente? O mínimo é os irmãos me 
ajudarem como tem ajudado? O mínimo já que eu não tenho 
pais? O mínimo é meu tio e irmão estarem comigo em todas 
consultas médicas? Então na quimioterapia é o mínimo. 
Novamente, caro amigo: Nada é obrigatório. Não tem mínimo. 
Pai estuprar os filhos é o mínimo? Ah, filho matar os pais. 
Pais roubarem? Sujar o nome do filho. Eu conheço casos 
assim. Mínimo? Pára com isto. As pessoas
fazem o que querem quando querem. Porque querem.
Chame isto de amor. Carinho. Vontade.
Obrigação? Zero. O mínimo? O caralho.
     

quinta-feira, 23 de junho de 2011

quarta-feira, 22 de junho de 2011

And The Winner Is


Era para um plano de saúde mas virou uma auto-homenagem.

Prêmio





Prêmio



     

Prêmio



     

Prêmio


Você está careca, pançudo e cansado de saber que fui publicitário.
Hã, você não? Ok. Eu estou careca, pançudo e cansado de saber
que fui publicitário. Mas parei. Fui parado. Antes de ficar dodói.
Gostava do que eu fazia mas não gosto do que eu fazia se tornou.
E uma das práticas que nunca entendi foi o tal anúncio fantasma.
Unicamente feito para prêmios (você já viu Prêmio Odontológico
de Melhor Obturação do Ano?), é um anúncio que o cliente não
pediu, as vezes nem o cliente existe. É uma resposta brilhante
para uma pergunta que nunca foi feita. E provavelmente nunca será.
Mas como egocêntrico, vaidoso e Tássi-achando ex-publicitário
resolvi me homenagear nessa época de Festival de Cannes. Como
não ganhei o real, nada mais justo que publicar e premiar uns
anúncios meus mesmos. Como dono do blog, da bola e do campo,
me permito. Então apresento-lhes o prêmio "Nossa Ol'Jones,
que Prêmio Grande Você Tem de Publicidade".




      

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Watch and Learn



Belíssima dica do amigo REI.
http://hogpoa.blogspot.com/?zx=497396e1295057f0
    

sábado, 18 de junho de 2011

Hippie Van na Trans-Canada



     

Ráscal



Amanhã será a prova dos quarenta e dois quilômetros, cento
e noventa e cinco metros de São Paulo. Longa, cansativa e única
distância que pode ser alcunhada pela sagrada palavra: Maratona.
Andou lendo meu blog, né? Já sabe que não existe Maratona de
São Silvestre (prova de quinze quilômetros). Então corra para
o próximo texto. Acho que será mais legal. Este aqui? Saudosismo
desvairado. O tempo passa rápido. Seis anos me distanciam desta
última maratona de São Paulo que corri. O tempo se distancia
rápido. E o legal é que é aqui. Acordei, peguei um táxi, corri, me
senti um imortal, peguei outro táxi (porque não fui correndo?),
tomei um banho merecedíssimo em meu humilde e delicioso
chuveiro, me senti imortal novamente, me vesti e fui. Almoçar.
Os imortais merecem comer bem. E esta seria apenas a primeira
maratona de um ano que cismei em correr três. Lembro do sabor
do Fetuccinni Alfredo do Ráscal. Lembro da satisfação de
completar mais uma maratona. Lembro de andar com dificuldade
depois da missão cumprida. Lembro uma vez mais da imortalidade
Lembro do ano anterior em que o cidadão do mundo aqui passou
uns cinco meses trabalhando em Florianópolis e depois mais
uns três meses passeando pelo verão canadense. Fiz costa-a-costa
em uma Kombi sem nenhum tipo de entorpecente.
Algumas cervejas e doses maciças do inédito me bastaram. E estar
com a família. Com o Fetuccinni, no Ráscal, além do parmesão
ralado, a deliciosa presença da família me saciava.
Lembro da felicidade, da serenidade, da resplandecência
de uma senhora sem rugas e satisfeita com o que a vida lhe podia
proporcionar. Paz e amor faziam minha mãe flutuar. Falei?
Saudosismo. Amanhã não vou correr a maratona mas vou andar 
com dificuldade. A imortalidade, de certa forma ainda perdura 
(segundo probabilidades e estatísticas). Minha mãe só estará 
presente em memória. Oba. Já sei onde almoçar. Bons motivos 
não faltam. Nem o Fetuccinni ou a torta de maçã, espero eu.
     

If I Die Tomorrow

"If I die tomorrow". Se eu morrer amanhã é uma música de uma banda
que gosto muito. Mötley Crüe. O show foi recentemente e não fui.
Show assim era clássico. Um rito. Desde os quinze anos vou a shows
com meu amigo Pique. A única coisa que me consola é que vi este
show no Canadá, ano e meio atrás e o Pique de alguma maneira
prestou reverências ao amigo. Mas é o título da música e não um
bando de cabeludos que me empurrou até aqui. Se eu morrer amanhã,
tenho certeza que não haverá quimioterapia semana que vem. Pelo
menos para mim não haverá. A vida vai continuar. A sua vida.
Não sei se você percebe a profundidade do assunto, todos podem
tirar da manga o velho e ruim clichê de que para morrer basta estar
vivo, mas eu infelizmente e aparentemente estou mais próximo desta
canção que você. Antes que você se interesse, devo dizer que não é
uma letra edificante. O epitáfio. Não, não seriam minhas últimas
palavras. É um belo rock'n'roll. Com um título que possa passar liso
por você, mas nunca passará incólume por mim. Esta é a diferença
primordial. Eu vivo o "If I die tomorrow". Você, se Deus quiser, vai
casar, vai ter filhos, vai criá-los, vai viajar, dar uma guinada em sua
carreira, plantar uma árvore, escrever um livro, dar risadas,
ser o mais feliz possível. E eu também posso vir a fazer isto tudo, se
Deus assim também quiser, mas a tal música é a trilha sonora oficial.
Você sempre acha que as coisas não vão acontecer com você.
Eu nunca achei que isto fosse acontecer comigo.
Agora tenho até trilha sonora: "If I die tomorrow, I can't remember,
Have I said all I can say..."

      

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Regrets


E o momento que antecede o arrependimento? Aquele átmo
de nano-segundo em que um ato pode resultar em algo ou em outro.
O momento em que você não fechou sua matraca e soltou o petardo.
O elevador que você poderia pegar depois e evitar aquele
acidentezinho de trânsito chato. O famoso e famigerado "E se".
De novo? E se eu tivesse me casado em mil novescentos e noventa
e nove? Se tivesse dois rebentos, minha vida definitivamente seria
outra. Teria esta doença? O humor poderia ter sido outro, o resultado
seria outro? Maluco, não? Estou especulando demais? 
É um pensamento válido ou perda de tempo? O papel ou o world 
aceitam qualquer coisa. Eu com tempo livre e desocupado 
sou um perigo. Calma aí, jovem.
     

Emil Zatopek Vol. 82


Uma bola amarela. Carcomida, suja, furada e maltrapilha. 
Colecionador, eu quero a bola antiga. Não me venha com bolas 
novas. Ora bolas. Não me venha com carros zeros, blindagens, 
roupas de griffe, motos, jóias, status. I-pods, I-tabs. I-phones, ai, ais. 
Não me venha com nada disto. Este blog é sobre valores, 
então divido com vocês o que nós tanto prezamos.
A tal famigerada bola amarela. Um ossinho de vez em quando 
e amor. Para ser sincero, não divido nada não. Sou um baita egoísta 
ciumento. Portanto a bola, o osso e o amor são muito meus. 
Não vou fazer faculdade e nem anseio por um carrão esporte. 
E querer comparar filhos e cachorros é injusto. Sei o meu lugar. 
Meu lugar é ao lado do seu lugar. Qualquer que seja ele. 
É isto que quero. E a bola, catzo.
     

Harley-Davidson Advertising


Não chega a ser um sopro de novidade. Mas vale.
     

Bagger

                                            

terça-feira, 14 de junho de 2011

O Pensador


Não virei escritor. Me virei. Talvez se só restasse o pé esquerdo,
pintaria com sofreguidão. Minha alma imaculada ainda tenho.
E um teclado e um pensamento cada vez mais nítido. Os textos
podem até se parecer, recorrentes mesmo. Este sou eu.
Não se trata de se expor, de mostrar o quanto mais legal estou
me tornando. Não é para você. Ou até é, mas o objetivo primordial
soy jo. Eu tentar chegar ao fim de mais um dia, inteiro. Ereto.
Como? Lutando. E pensando. Vendo filmes, comendo bem também,
mas lutar e pensar. Vociferar não adianta. Nem sei se tentar achar
um porquê. Esta tarefa pode se mostrar inócua e frustrante.
Como se luta? Esperando que amanhã seja melhor que hoje.
Torcendo pela melhora. Indo ao médico. Fazendo quimioterapia
a cada quinze dias, exames a cada sete, remédios e preces todo dia.
E como se pensa? Como lhe falei, no meu caso, escrevendo.
Analisando, liberando pensamentos antes aprisionados no fundo
de uma gaveta desarrumada. Tem ajudado. Está vendo? O conselho
de sua mãe de manter armários limpos e organizados vale a pena.
     

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Nostalgia


Nostalgia é um perigo. Você está ali, absorvido em memórias.
Todas elas são fenomenais, todas convergem em um sorriso franco
em seu rosto. É isso. Você suprime o ruim. Só lembra do bom,
do romântico, idílico. Câmera lenta. Porém as coisas mais ásperas
também fazem parte deste passado distante ou nem tanto,
mas sua memória seletiva escolhe só aquilo que vale a pena.
Um relacionamento. Uma viagem. Um trabalho. Uma experiência
singular. Um passado. Passou. Olhe para frente.
Cuidado para não tropeçar.
     

domingo, 12 de junho de 2011

Como Uma Deusa


E quem acredita em vidas passadas? Outras vidas? Seria 
uma pena se a vida fosse só esta. Pequenina para alguns, 
grandiosa para outros, curta para a maioria. 
Não sei no que acredito. Se realmente for só isto,
é pouco. Mas porque quem acredita em outras vidas, acha que foi
Cleópatra? Quantos imperadores existiram para cada escravo?
Porque não uma ameba? Uma formiga ou um parafuso? Espero
que tenha feito o bem para alguém. Um livro que marcou sua vida,
por exemplo. O vento no rosto de alguém. Já me basta. Não faço
idéia se este é um bom texto, mas suscita dúvidas, né?
     

Coleção II



Fiquei com vontade de contar. Não é vantagem. É interesse mesmo.
Não comecei a juntar, colecionar nada pelo lucro. Não sou o virgem
de quarenta anos que vende sua coleção por meio milhão. Só que
eram muitos interesses e quando percebi, tinha muito de muita coisa.
Não estou me desfazendo, queimando minhas coisas. As coisas
queridas continuam queridas. Livros de propaganda já não me são
queridos. Dei-os. Mas tenho uma coleção de flip books, aqueles
livrinhos que você vira com o dedo formando um filminho.
Quantos tenho? Trinta, quarenta, sei lá. Quanto custou, onde?
Sei lá, pelo mundo. Máquinas fotográficas antigas? Sessenta,
cinqüenta? A mais cara deve ter custado uns trinta dólares.
E as que foram presentes? Uma delas era do avô de um amigo.
Outras tantas, presente do meu irmão. E os brinquedos? As
motinhos de lata? De dar corda? Os bonecos do Alfred Newman?
O mordomo? Os brinquedos Kustom Kulture? A máquina
de fliperama Taito Hawkman restaurada e linda dos anos oitenta?
O triciclo lindo dos anos vinte? Nada disto é grana, nada é
monetariamente mesurável. Nada disto se compra na Cecília Dale.
Nada vale nada. Valem interesses, curiosidades, coisas divertidas
que você associa a momentos, viagens, experiências. Lembro
de estar atravessando o Canadá em uma Kombi e parar em algum
antiquário no meio do nada só de olhar para uma destas câmeras.
Fui amealhando coisas ao longo do caminho. São minha história.
São pedacinhos de mim. E estes dias o Harold (outra coisa que fui
amealhando: Amigos) mandou umas fotos de outro brinquedinho
meu que fazia tempos que não via: Uma motinho inglesa BSA
Bantam, 1952. Lindinha, não? O comprometimento com
a restauração, com meu irmão, isto é que importa.
Esta é a cereja do bolo. Não o colecionar.
     

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Coleção


Você já sabe. Fui publicitário. Preferia uma profissão mais
nobre. Gigolô. Traficante. Agiota. Mas não vou falar mal.
Não falo mais mal. Só não me peça para deixar de ser irônico.
E enquanto publicitário e irônico, amealhei, juntei, acumulei.
Enquanto não publicitário também. Colecionava uma revista
alemã de propaganda. Façamos as contas: Seis exemplares
por ano, uns sessenta reais cada e muitos anos. Quanto
gastei? Tanto faz. Em uma época da minha vida foi importante.
Não mais. Um ex-enfermeiro que tanto me ajudou, virou a mesa.
Novo publicitário, ganhou uma coleção de revistas alemãs
e mais um monte de livros. Também este não é um texto sobre
o quão bom coração ou sobre o tamanho da minha benevolência.
É sobre acumular, juntar, amealhar, colecionar, curtir, aproveitar
e gastar. E não ser aquele senhor obcecado e obsessivo que
guarda latas de Nescau embaixo da cama. As coisas tem um ciclo.
Não usa mais? Alguém vai usar. Gosto de saber que minha
bicicleta bam-bam-bam de triathlon está sendo bem usada
por uma criança necessitada e bem melhor atleta que este atual
gordinho que vos escreve. Meu tio ganhou um livro meu que
você não encontra na FNac. O livro não era aberto há anos.
Ele vai gostar assim como eu gostei. E depois mais alguém.
Este é o ciclo. Meu som tomou o mesmo caminho.
E o vídeo-cassete (você ainda tem, né?), equipamento de
mergulho, roupas, ternos, sapatos, a tal bicicleta, livros,
remédios e o que mais aparecer. O que mais tiver cumprido
sua missão para comigo. Agora a missão é com outro alguém.
Dê uma olhada nos seus pertences de tempos em tempos.
Nescau tem prazo de validade.
     

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Beware of Dog

    

Tees



O que é pior? As camisetas ou os tipinhos?